Esta postagem foi publicada originalmente em abril de 2017, mas sinto que vale muito a pena republicá-la para refrescar nossas memórias poucos dias antes das Eleições 2018!
Servirá para reforçar nossa percepção de que o cenário político de corrupção no Brasil só fez piorar de lá para cá, e, logicamente, as fotos dos políticos envolvidos até o momento não caberiam mais apenas aqui ao lado!!!
Delação do fim do mundo', baseada em acordos com 77 ex-executivos da Odebrecht, envolve parcela significativa da classe política brasileira
Servirá para reforçar nossa percepção de que o cenário político de corrupção no Brasil só fez piorar de lá para cá, e, logicamente, as fotos dos políticos envolvidos até o momento não caberiam mais apenas aqui ao lado!!!
Delação do fim do mundo', baseada em acordos com 77 ex-executivos da Odebrecht, envolve parcela significativa da classe política brasileira
A determinação da abertura de 76 inquéritos envolvendo uma parcela significativa da classe política brasileira, incluindo o alto escalão do governo, reforça o caráter apartidário da operação Lava Jato, mas não elimina por completo o risco de perda de apoio popular.
A opinião é de cientistas políticos ouvidos pela BBC Brasil.
Na terça-feira, o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu sinal verde a investigações contra 98 nomes importantes do mundo político, incluindo oito ministros, 24 senadores, 39 deputados e três governadores.
Credibilidade
"Com a divulgação da lista de Fachin, a operação Lava Jato ganha credibilidade, pois, ao mirar políticos de diferentes partidos, reforça o caráter apartidário", diz à BBC Brasil, Ricardo Ismael, cientista político da PUC-Rio.
"O conteúdo das delações revelou a relação promíscua da maior construtora do país com o universo político, independentemente dos partidos, e como funciona o financiamento eleitoral no Brasil", acrescenta ele.
O sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da UFRJ (Federal do Rio), concorda. Segundo ele, a Lava Jato mostrou a "falência do modelo político brasileiro", que descreveu como "defunto em sepulto".
"A Lava Jato descortinou esse defunto em sepulto que se tornou o modelo político brasileiro. Essa é a grande inovação da operação", argumenta.
"Em outras palavras, não se trata apenas de um processo criminal e penal. A Lava Jato nos mostrou que o modelo político que temos hoje morreu, expondo os vícios, ilícitos e crimes ligados a ele."
Para o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências, a "composição multipartidária" da lista de Fachin enfraquece ainda o discurso de "politização" das investigações.
O argumento, diz, faz parte da estratégia do PT de lançar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2018.
Cortez pondera, contudo, que a operação usou a figura do ex-presidente para angariar apoio da sociedade e possibilitar o andamento das investigações.
"Um dos principais trunfos para a continuidade da Lava Jato é o amparo da sociedade. Indiscutivelmente, as autoridades transformaram Lula em símbolo da operação e capitalizaram em torno de sua crescente rejeição popular", ressalva.
"Neste sentido, a citação à figura do ex-presidente serviu de instrumento de mobilização e, portanto, permitiu a continuidade das investigações com o devido apoio popular", acrescenta.
"Isso não significa dizer, contudo, que a Lava Jato é partidarizada, ou seja, que só mira o PT", ressalva.
lembra que, quando a Lava Jato teve início, em março de 2014, os principais envolvidos eram diretores da Petrobras ligados ao PT e ao PMDB, que compunham, então, a coalizão de governo.
Neste sentido, diz ele, "compreensivelmente, quando surgiram as primeiras delações, foram citados nomes ligados a esses partidos", o que gerou "uma acusação falsa de partidarização".
Na avaliação de Maria Teresa Kerbauy, professora do Departamento de Ciência Política da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, o argumento de que a Lava Jato seria "parcial" "cai por terra" com a lista de Fachin.
"O argumento repetido à exaustão pelo próprio PT e reverberado por setores ligados à esquerda de que a Lava Jato só mirava integrantes do partido cai por terra a partir do momento em que a lista de Fachin atinge parte importância da classe política nacional", opina.
"Vários partidos estão envolvidos. A lista inclui nomes das principais lideranças brasileiras. Não se trata apenas de um problema envolvendo partidos, mas a forma como o nosso sistema político está organizado", completa.
Fonte: BBC Brasil
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