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O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é um distúrbio que faz pessoas subitamente perderem o controle e terem ataques de fúria. Ele afeta cerca de 3% dos brasileiros.
Um novo estudo mostra que indivíduos com TEI têm o dobro da taxa de infecção pelo Toxoplasma gondii em relação a pessoas saudáveis. Este parasita é disseminado por gatos e sabe-se que ele afeta a neuroquímica de ratos. Será que ele está fazendo o mesmo em humanos?
O estudo, publicado no Journal of Clinical Psychiatry, se baseia em trabalhos anteriores de Emil Coccaro, professor de psiquiatria na Universidade de Chicago, que vem analisando pessoas que sofrem de TEI desde 1991.
Coccaro recrutou seus pacientes colocando anúncios em jornais e revistas, à procura de pessoas que “surtaram” frequentemente em períodos de semanas ou meses.
Para se qualificar como TEI, essas perdas de controle têm que ser desproporcionais em relação à causa. Os surtos devem ter levado a consequências, como a perda de empregos e relacionamentos, e não podem estar associados a um distúrbio subjacente, como depressão ou ansiedade. Uma pessoa com TEI não está “sucumbindo” à pressão: ela se sente normal até se irritar com algo, e então reage com agressividade em excesso.
Isso talvez soe como uma desculpa conveniente, mas existem vários fatores a serem considerados. “Trata-se muito mais de um problema biológico”, diz Coccaro ao Gizmodo.
O TEI tende a aparecer em determinadas linhagens genéticas. Assim como muitas doenças, ele tem uma idade típica de início: a adolescência. E ele é associado a características físicas, como a redução de massa cinzenta no cérebro.
O segundo fator é que as pessoas com TEI não têm distúrbios graves de personalidade. “São os seus vizinhos. São as pessoas que trabalham com você”, explica Coccaro. Na maior parte do tempo, o TEI faz pessoas gritarem e berrarem, não cometer crimes violentos. Caso venham a cometer algum crime, elas devem sofrer as consequências, diz Coccaro, porque elas são responsáveis pelo próprio comportamento.
E este seria o terceiro fator. O Transtorno Explosivo Intermitente não é apenas uma desculpa para se comportar mal; é uma oportunidade de melhorar. Se alguém tem um problema biológico, ele pode ser tratado.
Por mais irritante que seja lidar com alguém que faz birra com pequenos contratempos, é melhor tomar medidas para garantir que isso não volte a acontecer. Coccaro recebeu vários candidatos para o estudo, e sabe que muitas pessoas com TEI querem fazer o que for preciso para melhorar.
Infecção por Toxoplasma gondii. Imagem por Yale Rosen/Flickr
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