O texto abaixo é fruto de um de nossos momentos de reflexão, diante de um belo cenário bucólico na pequena cidade de Flores da Cunha - RS, texto este que dedico a minha querida Monica, companheira inseparável de longas jornadas, a todos os meus parentes, aos verdadeiros amigos radioamadores ou não, enfim, a todos aqueles que de certa forma fazem parte direta ou indiretamente de nossas vidas.
Elogios e homenagens, nosso ponto de vista!
Sempre fomos contra as homenagens apenas póstumas, prestadas a quem quer que seja. Pois, em nosso sentir, homenagem deve-se fazer especialmente em vida, enquanto a pessoa pode nos ouvir, olhar nos nossos olhos, receber todo o carinho, o apreço, o reconhecimento, e nos agradecer com aquele abraço sincero, com aquela feição de felicidade, aquela sensação que só quem recebe sabe o prazer. É muito fácil, quando uma pessoa morre, fazer comentários assim: "fulano de tal era único, um ser adorável, gentil, competente, amigo, companheiro, etc. etc. etc.". Difícil é expressar nossos sentimentos em vida, despir-se da timidez, da hipocrisia, do medo e do orgulho e, com pureza de coração, falar: “eu amo você, você é muito importante para mim, tenho orgulho de você. Ou ainda: para mim, não existe em lugar nenhum do mundo pessoa igual a você", etc. Isto sim é homenagem, é valorizar uma pessoa, ainda em vida, demonstrando que se tem apreço, admiração, orgulho, que ela é importante para nós, etc.
Não vislumbramos mérito algum em se prestar homenagens, ou em se elogiar pessoas “estranhas”, com as quais tivemos pouco, ou quase nenhum contato, com as quais não tivemos convivência alguma, das quais não conhecemos defeitos, temperamento, caráter, personalidade...
Mas, a cada dia, analisando os comportamentos de pessoas com as quais nos relacionamos, percebemos que a maioria delas faz exatamente isso, valoriza demais quem nem conhece, movida pelo entusiasmo momentâneo ou até influenciada pela mídia, e, quanto aos seus entes merecedores do mesmo reconhecimento, infelizmente, essas mesmas pessoas só param para refletir depois da ocorrência de acontecimentos fatais ou irreversíveis da vida, quando “perdem” aquelas pessoas dignas de elogios e homenagens.
Por isso, achamos que todos nós, “antes” de pensarmos em homenagear ou elogiar pessoas estranhas, como artistas, cantores, etc., devemos observar se ao nosso redor, bem próximo a nós, não existem pessoas incomparáveis, às quais merecem e precisam muito mais dessas homenagens, desses elogios.
Entendemos que devemos valorizar mais os nossos “Josés”, as nossas “Marias”, enfim, nossos entes queridos, aqueles seres que, de uma forma ou de outra, fazem parte de nossas vidas, que estão ligados a nós, seja por sangue, seja por amizade verdadeira, mas que normalmente só recebem as maiores homenagens e elogios de pessoas estranhas, que, apesar de nunca terem convivido com eles, tiveram olhos e humildade suficientes para apreciar uma obra sua, ou uma palestra, ou ainda uma atitude importante, ou a expressão de um talento qualquer, enquanto que alguns parentes e amigos sequer tiveram a sensibilidade para perceber seu valor e prestar-lhe uma homenagem ou dar-lhe um elogio.
Isso tudo pode até parecer besteira, mas na verdade é sério, porque, muitas vezes, quando damos conta desta situação, é tarde demais, pois, nunca lembramos que esta vida aqui tem prazos, os quais são muitas vezes até bem generosos, longos, parecem até que não vão acabar, mas, ainda assim, quase sempre são insuficientes para muitas pessoas perceberem que não o aproveitaram como deveriam.
Portanto, devemos ter em mente, enquanto é tempo, que depende unicamente de nós, fazermos com que, num futuro, que fatalmente chegará não nos sintamos infelizes por não termos praticado gestos tão simples de apreço, de admiração, de reconhecimento, de orgulho, por qualquer um dos nossos entes queridos, gestos que para eles, no mais das vezes, seriam de extrema importância, pois, certamente, completaria o vazio que os elogios e as homenagens prestadas apenas por estranhos deixaram em seu coração, em sua alma.
Haja vista que o arrependimento é um nobre sentimento, mas quando tardio é ineficaz...
Flores da Cunha (RS), 05 de Setembro de 2011.
Moraes JVZ
Moraes JVZ